segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Donas do eterno

Que importam agora as razões para publicar este texto?

«Nessa mão vi o resumo de mulher. Olhos de azul esbatido, vida com princípio, meio e fim. Fim que antevia, e que com ela partilhava, e no silêncio do olhar, confessei que a achava linda, que não importava idade, ou um fragmento a menos da sua carne. Quis que entendesse a beleza de que era feita, e que se porventura houvesse mais vida, decerto lhe pertencia, porque era de justiça que fosse dona do mundo, e não morresse nunca, e não lhe faltassem bocados, e não fosse ruína ou capela imperfeita»
Nuno Lobo Antunes, in "Sinto muito"

1 comentário:

Nómada disse...

lindo o texto. linda a tua sensibilidade para o que lês.

beijinhos