terça-feira, 26 de setembro de 2006

Só pode...

«É mesmo possível que isso tenha acontecido assim como me contas ?», perguntava o Tobias franzindo o sobrolho, ainda pouco crente com o que lhe acabara de contar. «Desencontraste-te mesmo assim de ti ?», insistiu. «Sim, sim, sim...não estou a inventar nada...achas que deixava o que estava a fazer apenas porque me deu na cabeça desabafar contigo ?», acrescentei eu, um tanto irritado com a frieza do Tobias. «Quando dei por mim, já não me conhecia...». Estranho não é ? Como é que alguém, não sabendo sequer onde está, pode estar tão ciente de para onde quer ir ? Acho que são as vicissitudes das distâncias. O Tobias continuava a olhar para mim como um burro olha para um palácio. Impávido. Possivelmente terá sido o segundo whisky...terá estragado tudo ! Será assim tão absurdo admitir que com tantas condescendência perante alguém chegamos a um ponto em que já não sabemos quem somos ? Olha, comigo aconteceu...duas vezes...Que parvoice, hein?? Como é que se pode ser infeliz e manter um sorriso amarelo ? Só pode ser demência. Ou então uma alegria tão fingida que só uma matriz senil pode justificar. Sei lá...agora faço o filme na cabeça, sem direito a repetição das cenas, e vejo o que podia ter feito e não fiz. Fácil, não é ? «Onde andavas tu nessa altura, Tobias? » «Sei lá...»
Perdido algures !!!

Sem comentários: