segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Duas questões para reflectir


Madalena Oliveira e Manuel Pinto lançam, no Jornalismo e Comunicação, dois pontos que importa ter em conta, agora que começa mais um ano lectivo.

O primeiro é transversal à sociedade civil de um modo geral e passa pela discussão sobre que cursos, nos nossos dias, são garante de vida desafogada ? Tendem os cursos de jornalismo a acabar ? Haverá limitações de vagas ?



Nos últimos dias, muitos foram os pretextos para pensar se continua a ser boa ideia apostar no jornalismo como profissão. Os cursos superiores (em universidades e institutos politécnicos) preencheram todas as vagas disponíveis, o que significa que a comunicação e o jornalismo são uma área ainda muito procurada pelos futuros profissionais. Continua-se, aliás, a chegar à universidade com o sonho de estagiar nos grandes órgãos de informação. Mas, e depois? Ainda haverá lugar para tantos jornalistas?Uma peça da SIC, no sábado, dava conta das dificuldades de ingressar no jornalismo; ontem, outra abordava o desemprego na profissão. E também por estes dias soubemos que o Público pode dispensar meia centena de jornalistas e colaboradores. Parece desencorajador!


Por outro lado, a recente entrevista de Manuela Moura Guedes ao Sol deixa algumas pistas sobre o que andamos a "gramar" nos alinhamentos dos jornais das 8 !! Hostilizada durante muito tempo, e convenhamos com razão, MMG abre o livro para dizer «Adapatei-me e fiz o que me pediram à custa de muita crítica».




Recordam-se dos disparos vindos nos últimos anos dos lados da TVI contra quem aludia ao trash do Jornal Nacional? De onde poderia vir a confirmação de que tais críticas se justificavam? Precisamente de quem apresentou esse Jornal até não há muito tempo: Manuela Moura Guedes (MMG). A "dosagem no alinhamento" de crimes e fait divers, abusos de directos, o chafurdar na lama do voyeurisme e da morbidez... está lá tudo, "confessado" por aquela que foi, entretanto, afastada. Melhor, que se afastou, quando percebeu que não a queriam.A entrevista - oito páginas, com honras de capa na Tabú, do Sol - parece mais acto de sinalização de que a jornalista está aí para as curvas: ela, que diz não ter projectos, está disponível para as propostas que possam surgir.Ficam duas notas não particularmente entusiasmantes:- a confissão de MMG de que se dá bem a trabalhar com qualquer orientação editorial - desde o antigo Jornal das Nove, na Dois (com o qual diz identificar-se), passando pelo Telejornal ("mais oficial e institucional"), até chegar ao Jornal Nacional ("rebelde e insolente"). "Adpatei-me e fiz o que me pediram à custa de muita crítica" - diz, relativamente à última etapa.- as referências detalhadas que MMG entende fazer a vários aspectos da sua vida pessoal (sem esquecer, aqui, a curiosidade dos entrevistadores, quando lhe pedem para "definir" uma determinada fase da depressão por que passou).Não sei se a entrevista serve os interesses de MMG. Serve seguramente os do SOL.

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