terça-feira, 18 de abril de 2006

Não por obrigação




PS e BE aprovaram hoje, na generalidade, com a oposição do PSD, PCP, CDS-PP e PEV, quatro projectos para impor quotas de um terço de cada género nas listas eleitorais, para aumentar a representação das mulheres.

As quotas serão aplicadas nas legislativas, autárquicas e europeias, obrigando os partidos a adoptarem a regra interna do PS e candidatarem pelo menos 33,3 por cento de mulheres, sendo rejeitadas as listas que não a cumprirem.

O projecto de Lei da Paridade do PS e os três diplomas do Bloco de Esquerda (BE) que alteram, respectivamente, as leis eleitorais da Assembleia da República, das autarquias locais, do Parlamento Europeu, serão agora discutidos na especialidade.

Quando entrar em vigor, a nova legislação não garantirá, porém, a prese nça de um terço de mulheres no Parlamento, porque apenas impede que «mais de dois candidatos do mesmo sexo» sejam «colocados consecutivamente» e nada determina quanto aos cabeças-de-lista.

PS e BE justificaram um sistema legal de quotas com a existência de obstáculos ao acesso das mulheres aos cargos políticos, que não foram detalhados, enquanto PSD, PCP e CDS-PP contestaram que o género seja considerado na escolha dos candidatos.

Fiquei preso a esta noticia. Depois de um dia cansativo de fecho de edição, ainda tive alguma paciência para em minha casa dar uma olhadela pela imprensa. Oxalá não o tivesse feito.

Começo a achar que manter-me na ignorância é, por vezes, a melhor solução, ou pelo menos a forma mais fácil de não encarar tanta coisa absurda. Pululam por aí que nem deputados absentistas...ok, talvez um pouco menos que isso.

Mas este é o tipo de noticias que me deixa a rir de gozo. Sim, também admito que essa é uma situação que ocorre com alguma facilidade, mas esta até tem razão de ser.
Começa a tornar-se um hábito perigoso esta coisa dos decretos. Agora são as mulheres, há uns anos atrás foram os governantes competentes. Se repararem bem, continua a ser cumprida a quota mínima de governantes que merecem credibilidade. Com as candidatas vai passar-se a mesma coisa.

Sejamos claros. O grande esforço terá de ser em torno de um sistema que seja justo por si mesmo, em que por natureza sejam dadas oportunidades às mulheres por forma a que estas se distingam não pela obrigatoriedade mas pela sua notoriedade.

O PS que agra vem reinvindicar esta medida não é o mesmo que tem apenas duas mulheres na chefia de Ministérios ?? Sou perfeitamente a favor de mulheres na política, mas não por obrigação.

2 comentários:

O País e o Mundo disse...

Infelizmente há coisas que quando não são assumidas de outra forma têm de ser impostas!
Eu sinceramente não me agrada muito a ideia dever mulher na política só porque são obrigadas a estar lá, nem a ouvir música nacional nas rádios porque algém os obriga, mas se de outra forma as pessoas não vão lá!
Se houver outra forma mais natural das pessoas tomarem consciência das coisas, eu sou a favor dessa, caso contrário há que faze-los tomar cosciência.
Repare quantas nulheres em 30 anos de política democrática assumiram cargos políticos? Não me digam que são assim tão poucas as mulheres capazes em Portugal!
Acho esta medida um mal menor, preferia que fosse antes por percurso natural de ascenção, mas...

Santiagando disse...

Isso das quotas, também, não me agrada nada. As pessoas devem ser escolhidas pelas suas capacidades e não pelo sexo, raça, ou outro.
Infelizmente, a política é, apenas, mais uma área em que os homens são predominantes e não me parece que seja, somente, por serem mais competentes.

Este post fez-me lembrar um Ministro da Saúde, há uns anos, que disse que, tendo em conta que as mulheres estão em maioria nos cursos de Medicina, talvez se devesse começar a pensar em quotas para entrada de estudantes masculinos nesses mesmos cursos.
Vem-me à cabeça duas coisas:
1) se as mulheres estão em maioria nesses cursos é porque tem melhores notas
2) estão em maioria nos cursos, mas não em cargos de chefia nos Hospitais...

Enfim, este assunto é um mundo e tem muito que se lhe diga, apesar de ser de muito simples resolução: empregar/escolher as/os mais competentes!